quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Marxistas, da linha Groucho – Coluna Carlos Brickmann

Coluna de domingo, 20 de setembro de 2009

Candidatos brasileiros não têm ideologia?
Mentira:
têm ideologia, sim.
Veja só, nas próximas eleições, quantos candidatos se definem ideologicamente:

Comunismo
– o Partidão, antigo PCB, hoje PPS, lança o ex-governador paulista Luiz Antônio Fleury, quercista convertido ao marxismo, a deputado federal.

Socialismo
– Gabriel Chalita, ligado ao ex-governador e sempre candidato Geraldo Alckmin, sai pelo PSB para o Senado ou o Governo paulista, o que oferecerem antes.
Chalita juntou o Marx socialista ao Cristo católico da corrente Canção Nova.
Antigo tucano, virou amigo de infância de Lurian, filha de Lula, e deve apoiar Dilma contra Serra.
E Alckmin, secretário de Serra, de que lado fica?

Ecologia
– o PV, de Marina Silva e Gabeira, quer filiar o escritor Paulo Coelho.
Coelho sabe tudo de verde, especialmente com a foto de Benjamin Franklin.

Trabalhismo
– o PTB, que segue a doutrina trabalhista de Getúlio Vargas e João Goulart, tem novo candidato a deputado em Brasília:
o carnavalesco Joãozinho Trinta.
O comandante supremo do trabalhismo é hoje
Roberto Jefferson.

Qualquer-um-dismo
– O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, contratou Duda Mendonça, virou garoto-propaganda no intervalo do Jornal Nacional, conversou com Michel Temer e achou que seria candidato ao Governo paulista pelo PMDB.
Aí descobriu que quem manda no PMDB é Quércia e que lá não havia lugar para ele.
É um candidato à procura de uma legenda, seja com Lula,
seja com Serra.

É uma das eleições mais polarizadas do mundo,
em termos ideológicos.

Repicando

Conta-se que, no início da Guerra Fria, por volta de 1948, um jornal francês resolveu narrar a virada do Brasil para a esquerda.
O maior Estado, São Paulo, era dirigido pelo Partido Social Progressista, PSP;
o país, pelo Partido Social Democrático, PSD, com apoio do Partido Trabalhista Brasileiro, PTB.
O PSD era o maior partido do país.
O repórter chegou e não entendeu nada.
Entrevistou o governador paulista Adhemar de Barros, fortemente conservador, cabeça do PSP.
Entendeu menos ainda.
Fez a pergunta direta:
"E a questão social?”

Resposta de Adhemar, referindo-se à primeira dama:
"Isto é com a Leonor”.

A nova esquerda

Chalita, o vereador mais votado de São Paulo, deve entrar no PSB com uma grande festa, no dia 29.
Gostaria de levar Alckmin, que sairia para governador, ele para senador.
Seria um golpe na candidatura de Serra à Presidência, por reduzir sua base de apoio em São Paulo e limitar sua capacidade de manobra.

Para Alckmin, seria uma novidade:
até hoje, só perdeu eleições pelo PSDB.

Marketing multinacional

O PT contratou, para a eleição do ano que vem, dois dos especialistas em campanha que trabalharam
para Barack Obama:
Ben Self e Scott Goodstein.
Sua especialidade: levantamento de fundos e distribuição de propaganda pela Internet.
Vão trabalhar junto ao coordenador-geral da Comunicação, João Santana.
Não há informações confiáveis sobre o custo da contratação, mas os dois cobram caro.
E, a julgar pelo relato de quem acompanhou seu trabalho no caso Obama, ambos valem o preço, por mais alto que seja.

Amigos ou inimigos?

O mundo gira e a Lusitana roda, dizia o anúncio tradicional.
E o ministro da Comunicação, Franklin Martins, acaba de ser condenado pelo Tribunal de Justiça do Rio a pagar indenização de R$ 50 mil ao ex-presidente Collor, por tê-lo chamado, em 2005, de "corrupto, ladrão e chefe de quadrilha”.
O curioso é que hoje Collor e Franklin Martins integram o mesmo grupo político, que apóia Lula.
Quando inimigos viram amigos e esquecem de retirar os processos, como fica?

Perigo por perto

Depois de amanhã pode ser que a CPI da Petrobras, que até agora não deu em nada, finalmente provoque algum interesse: está marcado o depoimento de Wilson Santarosa, que cuida da Comunicação Institucional – ou, em linguagem mais simples, é quem distribui boa parte da propaganda da empresa.
Dependendo das perguntas, pode dar samba.
Dependendo das respostas, pode ser muito melhor.

A união faz o preço

Todos estão comemorando a compra do segundo frigorífico brasileiro, o Bertin, pelo JBS Friboi, o maior do país.
Juntos, ambos se transformam no maior processador de carnes do mundo, com forte presença no mercado americano; e na terceira empresa brasileira por faturamento
(atrás apenas de Petrobras e Vale).
O grupo detém marcas como
Faixa Azul, Vigor, Danúbio, Minuano, Swift.

E a concorrência?
Aí é outra história.
Quando formaram a multinacional brasileira de cervejas e refrigerantes, falou-se em redução de preços
(pois haveria redução de custos, com a unificação da distribuição, transferência da produção para fábricas mais modernas e mais bem localizadas, etc.).
Na prática, a sede da empresa já não está no Brasil, os dirigentes brasileiros moram na Europa, e este colunista não consegue recordar-se de quedas de preços.
O que a Economia ensina é que a concorrência derruba preços; sem concorrência, os preços não caem.
A união Friboi-Bertin é a segunda no setor.
Antes, uniram-se Perdigão e Sadia.




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